terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cristo e Madalena

    Auguste Rodin é considerado o primeiro escultor moderno da história. Dessa forma ele era fascinado por tudo que não correspondesse ao modelo clássico. Expressava o movimento em suas obras, valorizando a anatomia humana, chagando ao ponto de preferir dançarinas de can can a modelos profissionais, e de pedir a seus modelos que se movimentassem. Além disso, ele testemunhou o surgimento de muitas inovações, assim como a fotografia, inserindo essa novidade no processo de produção da obra, de forma a transferir o conceito de uma instantânea fotográfica à terceira dimensão, esculpindo os instantes capturados a partir de sua observação, no gesso, no bronze... E talvez por isso eu tenha escolhido a obra “Cristo e Madalena” para comentar. Ela reúne muitas características da obra de Rodin e da época em que viveu, além de materializar uma situação histórica fascinante, de modo inusitado e excepcional.
  Durante o período em que a obra desse artista permeia o mundo, corresponde ao período em que o Cristianismo encontrava-se no auge. E embora, Auguste tenha sido o pioneiro na arte contemporânea ele não quebra violentamente com os costumes da época. Prova disso, é a presença freqüente da temática religiosa em suas peças, como é o caso de “Cristo e Madalena”. Genialmente, Rodin esculpe essa obra para retratar a despedida entre dois personagens de grande destaque para os cristãos. De forma inusitada, ele substitui a famosa cruz, pela pedra, transmitindo a mensagem referente ao apego de Cristo à terra, ao povo. A segunda figura, aparece agarrada à Jesus soando ar de desespero, tristeza, solidão. O véu caído é responsável por levar o movimento à peça, e simultaneamente, a nudez que nesse caso, não corresponde apenas à quebra com o modelo clássico, mas também turbilhão de sentimentos desse encontro, e Madalena despida de toda vestimenta, de todo julgamento, de todo preconceito, se despede de Cristo passando a sensação de afeto, admiração, saudade, tristeza. O amor que pode ser interpretado nessa escultura é o que chamou a minha atenção, e o que Rodin quis retratar, conseguindo com êxito. É valido salientar que a expressão facial de Jesus, concorda com o princípio proposto por Rodin, de trazer os instantes captados para a tridimensionalidade.

por: Bruna Valentim

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